18 abril 2007

A propósito do tema do encontro de Sábado passado, gostaria de reflectir um pouco sobre a identidade do cristão.
1. O que é ser cristão – esta questão pode, à partida, parecer simples – cristão é aquele que segue Cristo (o próprio nome o denuncia). É, de facto, verdade que ser cristão é seguir Cristo, mas apresenta-se outra questão: o que é seguir Cristo.
2. O que é seguir Cristo – também esta questão não é tão básica quanto parece, porque seguir não é apenas admirar a doutrina e acção de Jesus, mas também, e fundamentalmente, acreditar n’Ele, e isso nem sempre é fácil – não o vimos ressuscitar e o ambiente que se vive é de descrença e indiferença ou até de hostilidade em relação à fé. Também Tomé não acreditou porque não O vira e o ambiente que se vivia era tudo menos favorável àqueles que se diziam discípulos de Jesus Cristo, como foi referido no Evangelho de Domingo passado. Mas, se acreditamos que Jesus é Deus feito Homem, temos necessariamente de acreditar que Ele morreu (porque era Homem) e ressuscitou (porque era Deus). Caso contrário, não acreditamos na Sua essência e, por conseguinte, não podemos ser chamados cristãos. Mas acreditar verdadeiramente implica que mostremos que acreditamos n’Ele, ou seja, que vivemos a Sua Palavra.
3. Como viver a Palavra de Jesus – para viver a Palavra de Jesus temos de O imitar na Sua acção. Isto obriga-nos a amar a Deus e aos nossos irmãos, perdoando sempre todos os que procurem misericórdia, dando a mão aos que necessitam de ajuda, lutando pelo respeito da dignidade do ser humano, etc. Como podemos ver, tudo isto implica a relação com o outro - só amando-nos uns aos outros é que construiremos um Mundo melhor e nos afastaremos da autodestruição. Podemos concluir, assim, que não podemos ser cristãos sem os outros.
4. A nossa fé – o ser cristão constrói-se na nossa relação com os outros – precisamos dos outros e os outros precisam de nós. Mas esta necessidade e consequente procura mútuas não devem ser resolvidas com uma relação contratual (eu dou, tu dás; eu não dou, tu não dás). Devemos viver com os outros na comunhão, como nos ensina Jesus na Parábola do Filho Pródigo (esta comunhão deve ser também e predominantemente espiritual). Isto significa que devemos partilhar o espírito com o outro: ouvindo-o nas suas angústias e nas suas alegrias, partilhar com ele o nosso tempo, por exemplo, e muito importante, partilhar a fé. A fé vive-se com os outros, não se vive isoladamente – isto é um princípio básico do cristão. Aliás, reparemos num “pormaior”do Evangelho de Domingo: Jesus não a pareceu a Tomé quando este estava sozinho, apareceu-lhe quando ele estava reunido com os outros discípulos.
Conclusão: é na relação com os outros que conhecemos a Cristo (“Onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, Eu estou no meio deles”(Mt 18,20)). Não somos cristãos se não vivemos a nossa fé com os outros – não existem “cristão não praticantes”. O cristão partilha a sua fé. E o espaço de partilha da fé por excelência é a Eucaristia. A fé é uma vivência partilhada. Não existe a fé de cada um, existe a nossa fé.

3 comentários:

Tiago Krug disse...

Gostei da reflexão!
Só era mais fácil de ler se as letras não tivessem brancas!
Mas é como as dificuldades...
São problemas que se superam! Neste caso... seleccionando o texto! =)

Unknown disse...

Olá Tiago!
Obrigado pelo conselho!
Ontem tentei por várias vezes resolver o problema, mas só hoje consegui.
Um abraço

Daniel

Frei Bruno disse...

Daniel, muito bem! Vejo que os nosssos encontros têm-te suscitado inspiração para a tua reflexão. Continua, gostei bastante.